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Leite a Pasto e seu aspecto social
Alguns autores enfatizam o fortalecimento da produção agrícola assegurado pela produção familiar, caracterizado pela participação direta da família na organização e execução das atividades rurais. Em alguns locais, a exploração familiar é a base do desenvolvimento agrícola, reconhecida como a única forma social de produção, capaz de satisfazer as necessidades essenciais da sociedade como um todo; em outros, permanece antiquada e presa na economia de subsistência, desacreditada e a custo suportável, quando não chegou a ser totalmente eliminada. A exploração familiar corresponde a uma unidade de produção agrícola, onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família, em um processo que cria uma interligação entre propriedade, trabalho e família.
Os paradigmas a respeito do desenvolvimento da agricultura capitalista não supõem, necessariamente, unidades produtivas baseadas no uso em larga escala de mão-de- obra assalariada. Ainda, a “empresa familiar” não é sinônimo de “pequena produção” ou de “agricultura camponesa”. Nesse sentido, a existência do “campesinato” pressupõe um conjunto de vínculos sociais dados pela tradição, pela comunidade, pelas relações personalizadas de dependência e igualdade e a integração incompleta e parcial no mercado.
A agricultura familiar produz 52% do valor bruto da produção da pecuária de leite, 24% da pecuária de corte, 58% da produção de suínos e 40% de aves e ovos. Isto demonstra a importância desse segmento nos produtos destinados ao mercado interno e também para exportação. Na região Sudeste, as propriedades familiares, em média, possuem 30 ha, porém são responsáveis por 37,5% da pecuária de leite, 22,5% da pecuária de corte, 21% de suínos e 17,8% de aves, sendo que a pecuária leiteira está presente em 44,1% das propriedades rurais.
A renda média anual total das propriedades, no Brasil, 55% esta entre zero e R$3.000,00; 15% apresentaram renda anual negativa ou nula. Os profissionais que trabalham com a educação continuada do agricultor familiar devem mudar seus conceitos em relação aos níveis tecnológicos, considerando e respeitando suas diferenças, como exemplo pode-se citar: baixo – até 200 kg de leite por dia; médio – 700 a 800 kg/dia; alto – acima de 1200kg/dia, adequando as tecnologias à cada um deles. Não se pode buscar a imediata mudança de nível. Ela deve ser entendida como o segmento que detém poder de influência econômica e social, pois possui características inteiramente compatíveis com a importante participação na oferta agrícola. Ainda, o dinamismo da agricultura familiar depende de sua base material de produção, sobretudo a fertilidade das terras, a formação dos agricultores e o ambiente sócio econômico em que atuam, destacando-se o acesso diversificado aos mercados, ao crédito, à informação, à compra de insumos e aos meios materiais de exercícios de cidadania, como escola, saúde, assistência técnica, entre outros. Verifica-se que tecnologias caras, ou seja, aquelas que requerem altos investimentos aliados ao conhecimento da área de produção, embora excludentes aos agricultores familiares, dentro de certos limites de sua lógica, podem encontrar espaços, principalmente se apoiados nas diretrizes da sustentabilidade da produção agrícola.
A situação das cooperativas agrícolas brasileiras, em sua maioria, está calcada muito mais na razão social. Essa particularidade exige dos centros de ensino, pesquisa e extensão uma constante atuação no campo, não só na validação de tecnologias aplicadas, mas também na permanente educação dos membros das famílias, buscando a interação entre a produção propriamente dita e o relacionamento social das pessoas - “educação continuada do homem do campo”. A extensão rural induz que se os conhecimentos técnicos fossem avaliados por meio da educação continuada, colocados à disposição dos produtores rurais, estes, certamente, teriam êxito em seus níveis de conhecimento e habilidade e, consequentemente, em suas lidas no meio rural. Como resultados teriam assegurados, o aumento na produção e produtividade, a elevação da renda familiar e, finalmente, o desenvolvimento rural e global, pela elevação de seus padrões sócio educacionais, com maior oferta de matéria-prima e de alimentos, a preços capazes de tornar efetivas as demandas de classes de menor poder aquisitivo.
O país precisa modificar a maneira de se fazer extensão rural, dando ênfase ou tendo como objetivo principal o homem, cuja transformação está na educação continuada e da validação tecnológica. Neste raciocínio, ressaltam-se a importância de se identificar, criar alternativas e soluções às restrições técnicas, econômicas e institucionais ao desenvolvimento do setor agropecuário. Portanto, programas que atendam estas demandas, principalmente no campo social rural devem ser incentivados e aplicados, com especial atenção às cooperativas de produção agrícola, que congregam a grande maioria dos pequenos produtores.
A implantação de técnicas simples e direta, com acompanhamento periódico por profissionais, nas propriedades rurais familiares das cooperativas agrícolas é urgente e necessária, uma vez que os índices, tanto zootécnicos como os econômicos demonstram a verticalização do sistema produtivo e a profissionalização dos produtores. Assim, é necessário intensificar as atividades na propriedade, ou seja, utilizar os recursos existentes na propriedade e região com a máxima eficiência, procurando a minimização dos custos de produção, aumentando assim a produtividade e a competitividade e produzindo produtos com mais qualidade, sem prejuízo ao meio ambiente. O bem estar social gerado por ganhos positivos na atividade, por meio de técnicas adequadamente aplicadas, respeitando as características de cada família rural, motiva o produtor a seguir buscando novos objetivos e fixando-o no campo com dignidade e profissionalismo. As transformações em curso na sociedade brasileira, decorrentes das mudanças técnico-organizacionais no mundo do trabalho, estão fazendo ressurgir, com muita ênfase, acalorados debates relativos a temas e problemas que nos remetem às relações entre trabalho, qualificação e educação (especialmente a formação profissional). Finalmente, os agricultores familiares padecem da falta de educação no campo, a despeito de alguns projetos de validação de tecnologias existentes no país. Assim, as técnicas e os avanços estudados e alcançados nos centros de ensino e pesquisa, não são sistematicamente disponibilizados para os extensionistas e profissionais de cooperativas pecuárias. Dessa maneira, eles ficam sem condições para validá-las junto aos produtores rurais, de forma simples e a baixo custo.
Professor. Edmundo Benedetti - Instrutor da OCB/SESCOOP MT