Sicredi cresce 20% mesmo na crise

A cooperativa de crédito Sicredi alcançou na região Centro Norte no ano passado, incluindo Mato Grosso, um patrimônio líquido de R$ 1,8 bilhão, o que representou aumento de 20% em relação a 2015. Na contramão do movimento dos bancos tradicionais, o trabalho das cooperativas cresce mesmo em um tempos de crise econômica.
O número foi um dos divulgados no balanço anual de 2016 da cooperativa que foi apresentado na manhã desta terça (4). De acordo com o presidente regional do Centro Norte da Sicredi, João Carlos Spenthof, as operações financeiras das cooperativas já correspondem a 5% do valor total movimentado no país.
Ele lembra que essa movimentação financeira é relevante nesse “cenário altamente concentrador que é o sistema bancário brasileiro”.
Na região Centro Norte, a cooperativa conseguiu R$ 7,4 bilhões em ativos, o que representou um crescimento de 4,2% em relação ao ano anterior e ainda R$ 5,8 bilhões em operações de crédito, mesmo número de 2015.
Spenthof pontua que o mercado específico das cooperativas tem crescido por causa do tipo de serviço diferenciado oferecido pelas instituições, além da prática de menores taxas. “(As cooperativas crescem) por não ter objetivo de lucro, praticando taxas e tarifas competitivas, praticando um relacionamento diferenciado no dia a dia, no atendimento aos cooperados, procurando ampliar os espaços de atendimento, procurando ter um gerente de conta acessível para relacionamento com cada cooperado, onde o cooperado participa das decisões, do direcionamento dos rumos da sua instituição financeira” argumenta.
Spenthof destaca, ainda, que no ano passado foram abertas 15 novas agências em Mato Grosso, o que gerou cerca de 700 novas vagas de emprego. Em 17 municípios do Estado o Sicredi é a única operadora financeira presente. O presidente defende que esse é um fator humanitário muito importante. “Eles seriam praticamente privados de cidadania. Não existe cidadania plena quando não se tem acesso a uma instituição financeira”, disse.
Agronegócio
Spenthof argumenta que a expectativa do setor é crescer ainda mais nesse ano, mesmo com as dificuldades financeiras que ainda devem assolar o país. A estimativa é que os depósitos cresçam em torno de 20% e que a carteira de crédito aumente cerca de 5%. Para isso, o Sicredi conta com o agronegócio.
“Temos um fator da supersafra, o que movimenta amplamente a economia do nosso estado. As produtoras, o comércio, tudo se fortalece. Nós acreditamos na retomada da criação de empregos aos poucos. O crescimento do quadro social das nossas cooperativas, o crescimento de novas agências que serão abertas, tudo deve melhorar com o entendimento dos benefícios e as vantagens do cooperativismo”, pontua.
A consultora de negócios do segmento agropecuário da Sicredi, Cristieny Paiva, explica que para a próxima safra deverá ser disponibilizado cerca de R$ 7 bilhões em crédito rural, mas que existe uma negociação para que esse valor suba para R$ 10 bilhões. Cristieny diz que o crédito rural corresponde a 50% da movimentação da cooperativa e que o trabalho no campo é um importante aliado.
“O associado que é produtor rural, que faz parte da cooperativa, tem acesso a todos os produtos e serviços financeiros que ele tem no mercado, mas de uma forma mais justa e mais igualitária. Ele tem acesso a linhas de crédito rural, crédito comercial, além de recursos próprios da cooperativa. O grande diferencial nesse caso é o relacionamento que a gente tem com o associado, a gente entende do negócio dele, então a chance de a gente entender a necessidade dele e atendê-las na sua totalidade é muito maior do que no mercado”, defende.
Ela explicou que os produtores têm linhas de crédito para custeio de grãos, pecuária de corte, de leite, suinocultura, entre outras, que são disponibilizadas a partir de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), além de recursos próprios da cooperativa.
Números
O Sicredi fechou o ano passado com R$ 3,5 milhões de associados que estão espalhados pelos 1.171 municípios em que a cooperativa atua. Em 180 cidades ao redor do país, ela é a única instituição financeira atuante. O projeto de expansão da empresa deve chegar aos estados do Amazonas, Roraima, Amapá, Minas Gerais e Espírito Santo nos próximos anos.
Em linhas gerais, a Sicredi fechou o último ano com R$ 65,9 bilhões em ativos, R$ 36,2 bilhões em operações de crédito e R$ 42,9 bilhões em depósitos. A cooperativa conseguiu em 2016 um patrimônio líquido de R$ 10,8 bilhões, o que representou um aumento de 33% em relação a 2015.
Na área de atuação do Centro Norte são 363 mil associados, R$ 3,9 milhões em depósitos totais e R$ 1,8 bilhão de patrimônio liquido em 2016. Entre as linhas de crédito para o agronegócio foram disponibilizados R$ 3,2 bilhões, relativos ao Crédito Total Rural.