Benefícios conquistam adeptos

As dificuldades no acesso aos créditos enfrentados pelos brasileiros nos últimos dois anos, como consequência da perda de renda e da rigidez dos bancos na análise do crédito, têm levado as pessoas a pensarem duas, três e até quatro vezes antes de contratar um financiamento ou mesmo investir o seu suado dinheiro, e com isso adiando sonhos.

Taxas de juros estratosféricas, inflação galopante e prazos mais enxutos para pagamento dos empréstimos têm tirado muita gente da lista de pessoas aptas à contratação de novos financiamentos. E enquanto os contratantes arcam com elevadas tarifas para ter acesso ao crédito, os bancos têm lucros milionários, e pouco se preocupam em dar algum retorno para seus clientes, tampouco para a comunidade.

E se tudo isso fosse diferente? E se o correntista também fosse dono da instituição financeira e pudesse contratar crédito com juros reduzidos, e ainda, obter sobras ao fim de um ano fiscal? Sim, isso é possível. E essas condições são oferecidas pelas cooperativas de crédito, que a cada ano que passa contam com novos adeptos, que buscam bancos que não se preocupam apenas com o lucro e sim com o desenvolvimento local.

Entre as maiores cooperativas de crédito atuantes no Brasil está o Sicredi, com 3,3 milhões de associados em todo o país, sendo 348 mil na Central Sicredi Centro Norte (que inclui os estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia), considerando dados até julho deste ano. O número de cooperados é 3,26% maior que o registrado ao fim de 2015, quando eram 337 mil pessoas na região. Os ativos totais administrados pelo Sicredi Centro Norte chegam a R$ 7,1 bilhões este ano (até julho), mesmo montante registrado no fim do ano passado.Comparando o volume de 2015 com o ano anterior, quando fechou em R$ 6,4 bilhões, o crescimento foi de 10,93%.

Já a carteira de crédito administrada pelo Sicredi nesses três estados soma R$ 5,17 bilhões, o que representa 87,7% de toda a carteira movimentada em 2015, quando chegou a R$ 5,89 bilhões na região. Sobre 2014, ano em que a carteira de crédito atingiu R$ 5,43 bilhões, o incremento anual foi de 8,47%.

 De todas as movimentações contabilizadas pela Central Sicredi Centro Norte, Mato Grosso tem uma participação de 80%. Do total de associados nessa região (338 mil), 93,3% são mato-grossenses, com 315,620 mil.

Diante desses números, o presidente da Central Sicredi Centro Norte, João Carlos Spenthof, considera que eles poderiam ser mais expressivos não fosse a estagnação econômica enfrentada pelo país em que as pessoas estão esperando um pouco mais para aplicar seus recursos. ‘Diante do cenário nacional esperamos fechar 2016 com os mesmos resultados do ano passado. E considerando a perspectiva de um crescimento leve a moderado na economia no próximo ano, projetamos uma expansão na carteira de crédito de 10% em 2017’.

O desempenho obtido pela cooperativa de crédito já seria suficiente para convencer uma pessoa a fazer parte desse sistema financeiro. No entanto, o CEO do banco cooperativo Sicredi, Edson Nassar, ressalta que o cooperativismo de crédito é uma alternativa ao sistema bancário e com vantagens para os associados.

Entre os benefícios, ele destaca as taxas de juros menores que as praticadas pelos bancos públicos e privados (os juros do cartão de crédito no Sicredi, por exemplo, são de 6,5% ao mês, enquanto que no sistema financeiro tradicional chega a 14% a.m.), várias opções de aplicações e investimentos, e o relacionamento com um agente financeiro nacional com atuação regional, em que os recursos são devolvidos à comunidade.

No sistema cooperado, o associado não é apenas mais um cliente, ele é um novo sócio para o negócio. Além disso, há o rateio das sobras entre os cooperados, proporcionalmente é claro ao valor aplicado ao longo do ano fiscal, medida que não é adotada por nenhum outro banco comercial no Brasil. ‘Esta é uma excelente alternativa para a sociedade lidar com seu dinheiro. No Sicredi, o associado faz parte do negócio, tem poder de voto e vê melhorias em sua região’, destaca Nassar ao afirmar que esse conceito de relacionamento bancário já é bem difundido e compreendido na região Sul do país, especialmente no Rio Grande Sul, onde o Sicredi nasceu em 1902, mais precisamente na cidade de Nova Petrópolis (a 87 km de Porto Alegre), onde está a primeira unidade de atendimento da cooperativa, a Sicredi Pioneira.

Com a divulgação mais intensa do sistema cooperativo de crédito, que vem acontecendo na última década, a intenção da instituição é inserir essa cultura em todos os estados brasileiros. Atualmente, o Sicredi está presente em 20 unidades da Federação, cobrindo 1,098 mil cidades, sendo que em 211 municípios ele é a única instituição bancária presente. Possui 1,501 mil pontos de atendimento e conta com 20,9 mil colaboradores. Administra R$ 62,3 bilhões em ativos e tem um patrimônio líquido de R$ 9,9 bilhões. A carteira de crédito atingiu R$ 31,7 bilhões no primeiro semestre deste ano, uma expansão de 12,6% sobre o mesmo período do ano passado. E mesmo com o crescimento na carteira de crédito, a taxa de inadimplência manteve-se abaixo da média nacional, com 2,72%.

No caso da Central Sicredi Centro Norte são 11 cooperativas do Sicredi, e 161 unidades de atendimento distribuídas nos três estados, abrangendo 134 municípios, sendo: 111 em Mato Grosso, 16 no Pará e 7 em Rondônia.

E os planos do Sicredi para os próximos anos são ousados, pretendendo chegar a mais de R$ 50 bilhões em ativos de crédito em 2020, com presença nacional e expansão para novos estados, e mais, quer ser a principal instituição financeira dos associados.

Para isso, segundo o CEO Edson Nassar, a cooperativa trabalhará novas propostas de tecnologias, evoluirá nos canais digitais e investirá em seus colaboradores. Como resultado de todo esse trabalho, ele espera ampliar a participação da população cooperada no Brasil dos atuais 4,5% para um índice acima de dois dígitos nos próximos 10 anos.

 POUPANÇA: NOVO FOCO

 Figurando como a terceira maior instituição financeira do país quando o assunto é crédito rural - atrás apenas do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal -, o Sicredi tem um novo desafio para os próximos anos, atingir a população urbana, com produtos como poupança, cartões de crédito, corretora de seguros, consórcios, entre outros serviços oferecidos pelos bancos tradicionais e que já são operados pela cooperativa, mas com adesão ainda tímida por parte do público das grandes cidades brasileiras.

No caso da poupança, Edson Nassar afirma que a cooperativa busca qualidade de vida, planejamento e educação financeira. ‘Enquanto o sistema financeiro nacional tem registrando uma sequência de retiradas superiores às aplicações, com deficit na poupança, no Sistema Sicredi tivemos um crescimento de 23,5% no primeiro semestre deste ano, atingindo R$ 5,8 bilhões em todo o país.

 Na Central Centro Norte, onde está inserido Mato Grosso, a poupança atingiu R$ 671 milhões em julho, superior aos R$ 568 milhões registrados no fechamento de 2015. Naquele ano, comparado a 2014, quando a poupança chegou a R$ 542 milhões, o crescimento anual foi de 4,79%. ‘Nosso foco é sensibilizar o associado e convencê-lo sobre a importância de poupar. Como os recursos captados são emprestados na mesma região de captação, além de ter uma reserva financeira, ele também beneficia a comunidade local’, frisa Nassar.

O presidente da Central Sicredi Centro Norte, João Carlos Spenthof, acrescenta que o desempenho da caderneta de poupança em Mato Grosso é motivado pela grande credibilidade conquistada por esse sistema financeiro. A gestão financeira, a governança, o profissionalismo e a forte atuação na comunidade aumentam a credibilidade. ‘E o associado, sabendo que todo o recurso aplicado na caderneta do Sicredi volta para a mesma praça onde foi feita a aplicação, retornando na forma de crédito rural e gerando desenvolvimento para a região, tem ampliado as suas aplicações e os benefícios desse modelo financeiro’, diz ao complementar que outro grande atrativo é que o associado que investe na poupança do Sicredi também participa dos resultados da sua cooperativa.

COOPERATIVISMO DE CRÉDITO

 Este ano, o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito (DICC) é celebrado hoje (20). Promovida pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions - Woccu), a data é comemorada anualmente na terceira quinta-feira do mês de outubro. Em 2016, o tema é ‘A verdadeira diferença’. A iniciativa visa divulgar o trabalho desenvolvido pelas cooperativas de crédito, aumentando a conscientização sobre a importância econômica e social, e consequentemente, o apoio ao movimento cooperativo.