Momento de transformação das Cooperativistas do Agro de MT

O momento é de transformação nas cooperativas do agronegócio mato-grossenses. Querem sair de produtoras de Commodities para industrialização dos produtos de seus cooperados, agregando valor, promovendo maior rentabilidade. Esse processo de transformação esta sendo discutido há sete anos pelas 40 maiores cooperativas do ramo do agronegócio de Mato Grosso, que juntas produzem em mais de 2 milhões de hectares. Em busca de modelos de industrialização e gestão, os cooperativistas já estiveram nos Estados Unidos, realizaram seis Fóruns, e no período de 13 a 16 de setembro, participaram de uma ‘Viagem de Estudo do Agronegócio’, intitulada ‘Governança para o Agronegócio’, no estado do Paraná.
O roteiro de 30 lideranças do Sistema OCB/MT, Aprosoja, Ampa e 13 cooperativas do agronegócio, começou em Curitiba com a visita ao Sistema Ocepar, no dia 13 de setembro, na cidade de Castro na cooperativa Castrolanda, no dia 14, em Campo Mourão, na maior cooperativa da América Latina, na Coamo, no dia 15, e por fim, no dia 16, em Maringá, com a visita à Cocamar.
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial conta com mais de 13 mil associados, que atuam com a produção de soja, milho, trigo, café e laranja, em 500 mil hectares, sendo que 70% dos associados possuem 50 hectares. Conta com 2,4 mil colaboradores, 11 plantas industriais e uma rede com 64 unidades operacionais espalhadas pelos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Em 2015 teve um faturamento de R$ 3,2 bilhões e distribuiu R$ 110 milhões em sobras (que correspondem ao lucro das cooperativas).
O vice-presidente de Negócios da Cocamar, José Cícero Aderaldo, conhecido como Zico por todos na Cocamar, disse à comitiva cooperativista de Mato Grosso, que estão começando de maneira correta, quando busca essa transformação em conjunto. “Esse grupo está fazendo o mais correto, pois é formado por diversas cooperativas pensando num projeto em conjunto. Em conjunto é mais fácil de obter escala e o investimento”.
Zico ressalta que “a industrialização traz boas oportunidades para as cooperativas, porque a agregação de valor parte de uma indústria e depois tem a oportunidade de avançar. Por outro lado, ela demanda muito esforço por demandar grandes investimentos para industrialização e escala, para se tornar competitivo no mercado”. O vice-presidente pondera, que o processo para a agroindustrialização não é simples, principalmente pelas características do Brasil, que é exportador do produto primário, onde exportamos mais soja do que a industrializamos, e o retorno do investimento é muito mais demorado. “Mas, o importante é começar. Ter a primeira indústria, depois é uma puxando a outra, mas só puxa a outra se tiver uma, se a primeira não tiver você não tem as outras. Tem que começar e começando em conjunto, com escala, talvez seja o caminho mais curto”.
A análise do superintendente do Sistema OCB/MT, Adair Mazzotti, é de que essa viagem de estudos de diversos modelos industrialização das cooperativas no Paraná “fechou um ciclo”. Pondera que “as cooperativas participantes já têm referências suficientes para começar a pensar na transformação de seus modelos, onde o Sistema OCB de Mato Grosso dará toda assessoria necessária, apoiando e articulando, para o processamento dessas mudanças. São mudanças de longo prazo, alguns nem as façam ainda, mas tenho certeza que essa viagem foi muito inspiradora. Como propósito de uma viagem de estudos ela teve seus resultados. É visível a percepção de que já foram realizadas mudanças nas cooperativas. Agora vamos aguardar a avaliação final, mas os desdobramentos já estão acontecendo”.
O presidente do Sistema OCB/MT, Onofre Cezário de Souza Filho, analisou que “a realização dessa viagem de estudos é um processo de maturidade e um nortear de como as instituições e cooperativas envolvidas de como atuaremos a partir de agora com o ramo do agronegócio”. Cezário disse ainda, que será feito um diagnostico do perfil de cada cooperativa, e paralelamente o planejamento estratégico, para que todas estejam preparadas para o próximo passo, melhorando a governança e a gestão para tomada de decisões dos novos rumos. “Tudo isso será discutido no nosso VII Fórum, que acontecerá no dia 25 de novembro em Cuiabá. Temos as informações, números, gestão e o Sistema pode melhor atuar, compartilhar conhecimento para o processo de transformação nos próximos 10 anos”.
Viagem de Estudo do Agronegócio
O Sistema OCB/MT, através do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso – Sescoop/MT - promoveu no período de 13 a 16 de setembro, uma ‘Viagem de Estudo do Agronegócio’, intitulada ‘Governança para o Agronegócio’, no estado do Paraná. O evento foi feito em parceria com a APROSOJA – Associação dos Produtores de soja e a AMPA – Associação dos Produtores de Algodão, para dirigentes e executivos das cooperativas do Ramo Agronegócio. Participaram representantes de 13 cooperativas mato-grossenses do agronegócio, sendo uma da Bahia, a Cooperfarms.
A proposta do Sistema OCB/MT foi proporcionar os melhores exemplos para construir um caminho sólido que garanta a competitividade das cooperativas, o fortalecimento da sociedade cooperativa e o bem-estar coletivo dos cooperados.
Cooperativas e Instituições Participantes
Estavam presentes o presidente do Sistema OCB/MT, Onofre Cezário de Souza Filho, o vice-presidente do Sistema OCB/MT, João Carlos Spenthof, o Conselheiro e representante do Ramo Agropecuário, Nelson Luiz Piccoli, o vice-presidente da Aprosoja, Elso Pozzobon, o gerente da Ampa, José Victor Teixeira Zamparini, o superintendente do Sistema OCB/MT, Adair Mazzotti, e representantes das cooperativas: COABRA, COACEN, COOAMI, COOAPRIMA , COOAVIL , COODEAGRI , COOPERFIBRA , COOPERITA , COOPERMUTUM , COOPERVERDE/MT , COPACIS , COPRODIA , UNICOTTON, COOPERFARMS.