Conselho Consultivo do Ramo Infra

Composto por 135 cooperativas, mais de 1 milhão de cooperados e gerando cerca de seis mil empregos diretos, o Ramo Infraestrutura tem, diante de si, o grande desafio de manter a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), uma subvenção federal construída com a aprovação da Lei nº 13.360/16, e, também, a oportunidade de levar internet banda larga, por meio de fibra ótica nas redes de energia das cooperativas, aos associados do interior do país.
As informações são do novo coordenador do Conselho Consultivo do Ramo Infra, da OCB, Jânio Stefanello, presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop). A eleição ocorreu no dia 12 de setembro, em Brasília, durante reunião ordinária dos conselheiros. O mandato tem dois anos e já entrou em vigor.
Jânio Vital Stefanello é natural de Ibirubá/RS. É formado em administração pela Universidade de Passo Fundo/RS – UPF e em Direito pela Universidade de Cruz Alta/RS (Unicruz). Tem Especialização em Marketing e Propaganda pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo/SP.
Na entrevista abaixo, Stefanello afirma que um dos grandes entraves ao desenvolvimento das cooperativas de energia elétrica diz respeito a linhas de crédito. Confira!
- Atualmente, quais os maiores gargalos do ramo Infraestrutura?
Eu diria que o maior desafio que nós temos é o de alocar recursos para investirmos em modernização (construção de subestações, redes trifásicas no interior e reisolamento de redes, por exemplo). É bom ressaltar que todas as vezes que modernizamos, ou seja, melhoramos o sistema elétrico, nós diminuímos as perdas e temos mais sobras. No campo, por exemplo, todo o sistema foi pensado de acordo com a realidade de 20 anos atrás. Por isso, é necessário modernizar essas redes. E, infelizmente, hoje, não existe nenhum programa para financiar a rede de energia. Precisamos mudar essa realidade.
Ainda dentro desse assunto, precisamos de recursos para construir usinas, pequenas centrais hidrelétricas, usinas de energia eólica e também solar. Como é que podemos entrar nesse novo segmento, que é uma tendência mundial, arcando com o custo altíssimo dos financiamentos, com juros acima de 12,5%? Desse jeito, nós perdemos competitividade, especialmente para fundos de investimentos e investidores estrangeiros.
- A respeito de tendências, quais são as oportunidades que o setor pode vir a ter?
Temos uma grande oportunidade no cooperativismo de infraestrutura que é levar internet banda larga por meio de fibra ótica aos nossos associados, pensando nos jovens, na sucessão rural. Assim, esse jovem permanece no interior, produzindo, participando do negócio e também utilizando tecnologia para agregar valor à produção rural. A internet, hoje em dia, é fundamental para isso.
- Quais deverão ser suas prioridades para os próximos dois anos?
A grande prioridade é a manutenção daquilo que já conquistamos. Então, devemos preservar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), uma subvenção federal obtida com a aprovação da Lei nº 13.360/16 e que mostra que o governo brasileiro enxergou a importância do cooperativismo. Para se ter uma ideia, tem 14 cooperativas que irão receber essa subvenção somente agora. Essa, sem dúvida alguma, é uma das nossas prioridades.
Outra coisa que deverá ser prioridade é o relacionamento institucional, especialmente com a Aneel, com o Ministério de Minas e Energia e com o novo governo do país. É preciso acompanhar o desenrolar político para avaliarmos quais os possíveis impactos que o setor elétrico poderá ter. Será que haverá alguma reformulação? Como é que vamos estar inseridos nesse processo? Além disso, devemos pensar na nova formatação do Congresso Nacional. Quem serão os deputados e senadores comprometidos com o cooperativismo e identificados com o Ramo Infraestrutura? A gente precisa se preocupar com as respostas para essas questões.
- O senhor acredita que a diversificação de produtos e serviços, incluindo a matriz energética brasileira renovável, é uma tarefa para o cooperativismo?
Eu vejo que temos dois segmentos no cooperativismo de infraestrutura quando falamos sobre geração distribuída. As cooperativas que têm distribuição consolidada e têm geração principalmente em outras atividades, como pequenas centrais, ainda veem a geração de energia solar, principalmente, como um risco, porque elas perdem receita e se perguntam: como fazer para manter a renda nos pequenos mercados? Hoje, numa área rural, o retorno do investimento nessas matrizes energéticas renováveis ainda é incompatível. Entretanto, no mercado comercial ou industrial, a geração distribuída, especialmente a solar, é um componente importante.
Nós acreditamos que, especialmente as cooperativas do Nordeste ou do Norte tenham uma bela oportunidade, graças à quantidade de exposição solar presente naturalmente nessas regiões. Gostaria, ainda, de lembrar, que a geração de energia nas pequenas centrais hidrelétricas também é limpa, ou seja, renovável.