Novos rumos para as Cooperativas do Agro

As cooperativa do Ramo Agropecuário de Mato Grosso se reuniram no dia 25 de novembro para discutir o posicionamento estratégico e tendências para o setor, e elaborar um plano de ação, visando alinhar e fortalecer o negócio cooperativo.  O encontro foi realizado durante um Fórum realizado pelo Sistema OCB/MT, em parceria com a Aprosoja – Associação dos Produtores de Soja e a Ampa – Associação dos Produtores de Algodão, em Cuiabá (MT).

Diversos temas foram abordados para gerar subsídios para o planejamento do Ramo. Entre eles, a atuação do Sistema OCB no Ramo Agropecuário, feita pelo representante Nacional do Ramo Agropecuário, Luiz Roberto Baggio. Hoje no Brasil são 1.543 cooperativas, com quase 100 mil cooperados, sendo que 83,4% dos produtores rurais possuem estrutura fundiária abaixo de 100 hectares. “Nesse cenário a participação das Cooperativas Agropecuárias chega a 48% na produção agrícola, das 103 milhões de toneladas, 48,9 milhões são produzidas pelas cooperativas brasileiras”.

Luiz Roberto Baggio pontuou ainda algumas ações realizadas pelo comitê em defesa das cooperativas do Ramo Agro foi feitas em diversas esferas. Entre elas discussões para tratar da reformulação do MCR - Manual de Crédito Rural; contribuição para o Plano Agrícola 2016/17 , como o de mitigar os conflitos na contratação de crédito rural (recursos do Pronaf e Agricultura empresarial) para cooperativas com DAP Jurídica e a ampliação dos limites de contratação para o Prodecoop e Procap-Agro; a proposta de instrumentos alternativos ao Crédito Rural, entre eles o aperfeiçoamento da profissionalização de sua gestão e governança, sob a ótica de gestão de riscos, condição reconhecida por todos os agentes financeiros.

O Ministério da Agricultura em Mato Grosso também participou do Fórum. A Fiscal Federal Agropecuária, Tatiana Dias de Brito, apresentou os programas de crédito do MAPA para as cooperativas, como o Prodecoop, Inovagro, o Programa Leite Mais Saúdavel  e o Plano ABC.

O superintendente do MAPA em Mato Grosso, José de Assis Guaresqui , disse que “o grande desafio do agronegócio é se organizar”. Ele analisa que o país conta com uma produção razoável, boa produtividade, possuiu uma capacidade relativa de comercialização e agregação de valores, “mas isso, com certeza, requer uma organização, um ajuntamento de forças, e isso nós só vamos conseguir através das cooperativas”.  Complementa afirmando de que “o esforço do governo no setor só vai se concretizar em avanço se nós também avançarmos no sentido da organização do cooperativismo, para fortalecer cada vez mais a nossa produção, a agregação de valor e o agronegócio”.

A contextualização da Reforma Tributária e Programa de Industrialização e Incentivos Fiscais por parte do Governo Estadual foi também pauta do Fórum das Cooperativas do Agro. Fábio Pimenta, fiscal de Tributos Estaduais da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso – SEFAZ – fez uma comparação entre o atual modelo de tributação e o novo sistema, denominado ICMS Cidadão, que será apresentado à Assembleia Legislativa ainda este ano.

“Consideramos o modelo atual injusto, visto que não é isonômico, não é transparente, não é simples (200 mil processos), é inconstitucional, arbitrário, e incompreensível”, pontua Fábio Pimenta. Ponderou que “o ICMS Cidadão será isonômico, terá ampliação da base, será transparente, justo, constitucional, será lançado pelo contribuinte e entendível”.  Ele adiantou que o novo modelo irá prever no caso do Simples: LC 123/2006; do Comércio: conta gráfica; Indústria: conta gráfica; Agro: Diferimento ou imunidade; Outros: Leis Setoriais; e terá Desoneração ativos fixos.

Também anunciou que estão previstos Programas Setoriais como o Investe Indústria; Proalmat; Promadeira; Pro Minério; Pro Carnes; Energias Renováveis; Pro Turismo; e o Voe MT.

O presidente do Sistema OCB/MT, Onofre Cezário de Souza Filho, avaliou que o Fórum possibilizou conhecer “o que realmente as cooperativas do agro querem”.  Esclareceu que as reuniões continuarão a ser realizadas e que “a participação das cooperativas será totalmente voluntária, na medida em que o processo for obtendo sucesso”. O presidente pontuou ainda, que é indiscutível que as cooperativas do agro terão que pensar na agroindustrialização e esse assunto continua na agenda do Sistema OCB/MT. “Também chegamos ao óbvio, de que precisamos de educação cooperativista, de dados, de números, e isso nos vamos fazer, pois é nosso dever”.

Para o representante do Ramo Agropecuário do Sistema OCB/MT, Nelson Picolli, avaliou o resultado do Fórum como positivo e “mostrou oportunidades e caminhos para organizarmos o ramo”. Disse ainda que “a conclusão que chegamos é que precisamos reformular o formato do Fórum, estimular mais as cooperativas a sentirem necessidade de buscar conhecimento junto à OCB. Temos certeza que teremos um grande sucesso em nossos projetos”.

Na avaliação do vice-presidente do Sistema OCB/MT, João Carlos Spenthof, “foi um Fórum muito importante”. Ele ponderou que foram produtivas as discussões para um planejamento estratégico de futuro seja construído para o Ramo Agro, “com vista à agregar valor aos produtos de Mato Grosso através de suas cooperativas”. Para que isso se concretize, explicou Spenthof, “estamos pensando em fortalecer o monitoramento, em consultoria de negócios, planos de negócio, entre outras ações. Hoje apenas 12% da produção de soja passa por cooperativas, o que demostra a grande oportunidade que temos de trabalhar o cooperativismo”.

O superintendente do Sistema OCB/MT, Adair Mazzotti anunciou que “nos próximos passos para o ramo agro serão tomas decisões, como a de fortalecer algumas ações que já estão em andamento, principalmente no processo de monitoramento, que vai atingir todas as cooperativas, independente do ramo”. Disse ainda que “serão criadas ações de apoio a identificação de oportunidades, e criar e estimular  a sinergia entre as cooperativas , dependem  de uma tomada de decisões das cooperativas envolvidas. A principio, ao invés de uma grande rede de negócios, pensar em ações regionais, o que já tinha sido identificado no ultimo Fórum, inclusive que foi coordenado pelo agrônomo Fábio Chadadd”.

FÁBIO CHADADD

O agrônomo, professor da universidade norte-americana de Missouri (EUA), Fábio Ribas Chaddad, faleceu no dia 25 de novembro, de 2016, depois de uma longa luta contra um câncer, aos 47 anos de idade.

Chadadd foi um dos principais consultores do Sistema OCB/MT, para identificar novas oportunidades de negócios e formatos de atuação do Ramo do Agronegócio de Mato Grosso. O anúncio do seu falecimento foi juntamente no Fórum do Agro que ele ajudou a construir.

 O presidente do Sistema OCB/MT, Onofre Cezário de Souza Filho disse que “nós perdemos um cientista de uma capacidade fantástica, um pesquisador, e perdemos um amigo também. Mas, essa é uma perda sentimental porque eu acredito no processo vida, na evolução. Provavelmente ele vai fazer agro em outros cantos, pois o evangélico revela ‘que na casa de meu Pai existem muitas moradas’ e ele vai ter outras moradas e vai ser útil lá também. Esse é o processo vida, não de tristeza. Avante Chadadd, avante todos nós”.